quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Reflexões a partir de Jonas

No mês de agosto foi-nos oferecido um comentário sobre um texto bíblico, referente ao profeta Jonas, sobre o qual fazemos reflexões neste ano. Por meio dele, tomamos consciência da fraqueza interior desse personagem, diante de sua desobediência à vontade de Deus, como também do seu arrependimento e adesão posterior à ordem recebida. Era, na verdade, uma obediência difícil e perigosa!

A ordem de Deus era que Jonas fosse à Nínive, a fim de profetizar sobre a destruição dessa cidade se o povo não se convertesse, pois nela se cometiam muitos e graves pecados. Seus moradores já haviam chegado ao limite de seus maus comportamentos, merecendo a reprovação de Deus. Jonas teve medo das consequências de sua missão e retrocedeu. Tentando esconder-se, embarcou em sentido contrário à Nínive, seguindo para Társis. Mas, veio a tempestade! A situação era perigosa! Sentindo-se culpado pela situação de desespero da tripulação e por ter atraído a ira de Deus sobre si, pediu aos marinheiros que o atirassem ao mar.

Imaginemos a aflição de Jonas, ao saber que estavam em perigo de vida por sua causa. Quem sabe quantos pensamentos temerosos lhe vieram à mente, sendo atormentado pela própria consciência. Na verdade, ele estava desobedecendo a Deus que, com todo direito lhe confiava uma missão difícil, em que poderia ter sucesso, mas também, ser mal interpretado pelos ninivitas. Resolveu então seguir outro caminho, tentando ocultar-se de Deus. E fugiu!

Será que já nos encontramos em situações semelhantes, ou até mesmo mais difíceis do que a de Jonas? Certamente passamos por momentos difíceis de dúvidas, de descontentamentos, de espantos que provocaram em nós reações impulsivas e descontroladas. E nós tivemos que procurar a solução adequada, mesmo devendo encontrar dificuldades, tropeços, mal entendidos como prelúdios da tranqüilidade que depois viria acalmar nossa agitação, levando-nos ao cumprimento de nossos deveres. É assim mesmo que as coisas acontecem!

E nós perguntamos: porque essas dificuldades existem? Nós mesmos podemos dar-nos a resposta. Porque somos pessoas distintas umas das outras, cada qual com uma formação humana que lhe foi proporcionada, conforme as circunstâncias de sua realidade existencial. Infelizmente, a sociedade sustenta uma disparidade crônica que privilegia uns, minimizando outros, sustentando a opulência, a exaltação do conhecimento, desprezando a pobreza e até mesmo a miséria existentes. E não é só. Essa diferença social nega, à grande número de pessoas, o acesso ao estudo, à cultura, ao convívio social, dado que elas não estão em condições de se apresentarem adequadamente.

Deus não criou o mundo desprovido dos bens necessários à sobrevivência das pessoas, cuja dignidade é inerente ao próprio ser. Ele criou um mundo repleto de recursos e deu aos seres humanos inteligência suficiente para utilizar os bens da natureza, em favor de toda a humanidade. Mas, infelizmente, há muita vaidade e interesses prejudiciais sobre a terra!

Ao lado de tanta desigualdade, porém, há também muita solidariedade. Felizmente! Existem pessoas que sabem olhar para as necessidades alheias e estão sempre prontas a socorrer os necessitados de atenções, de ajuda, de instrução que os inclua na sociedade. Existem pessoas que repartem o seu pão com aqueles que não o tem, aliviando sua fome e seus sofrimentos. Contudo, pelo muito que se faça é sempre pouco em proporção às necessidades dos menos afortunados.
No entanto, constatar essa realidade, não é suficiente. É preciso que cada pessoa faça sua parte conforme as próprias possibilidades, estendendo a mão às pessoas que necessitam de ajuda seja para saciar a fome, seja para desenvolverem as capacidades intelectuais e se promoverem na vida, podendo assim providenciar seu próprio sustento, vivendo dignamente.

Deus colocou na natureza os recursos necessários para o sustento da humanidade, pois ele quer que todos sejam felizes. Oxalá um dia a miséria seja erradicada da terra e aja alimento e felicidade para todos! Por isso, agradecemos e bendizemos o santo nome do Senhor!